Pesquisa desvenda segredos do Gigantopithecus, o "King Kong da vida real"
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O Gigantopithecus blacki foi o maior primata que já existiu.
Medindo 3 metros de altura e pesando 600 kg, o animal misterioso era
uma espécie de King Kong da vida real. Há décadas, a espécie era um
enigma para os cientistas. Agora, ao analisar um dente fossilizado de
cerca de dois milhões de anos encontrado na China, pesquisadores
comprovaram que ele era um primo distante dos orangotangos.
O
primata gigante foi identificado pela primeira vez em 1935 pelo
paleontólogo Ralph von Koenigswald, graças a um grande dente descoberto
em uma botica em Hong Kong (fósseis e dentes triturados são utilizados
em alguns ramos da medicina tradicional chinesa).
Na ocasião, o produto
era vendido como se fosse um "dente de dragão". Esses animais surgiram
há cerca de dois milhões de anos e viveram nas regiões do Vietnã, China e
Indonésia. Acredita-se que eles desapareceram por volta de duzentos mil
anos atrás quando o ambiente mudou de floresta para savana.
Com o passar dos anos, outros dentes de Gigantopithecus blacki
foram encontrados, mas um crânio completo ou qualquer outro osso da
espécie jamais foi descoberto, levando a muita especulação.
Por isso,
até agora havia sido difícil decifrar seu parentesco com outros grandes
primatas. Agora, usando proteínas do esmalte de um dente de 1,9 milhão
de anos encontrado na caverna Chuifeng, no sul da China, os
pesquisadores têm evidências que finalmente permitem encaixar a espécie
no quebra-cabeças da árvore genealógica dos primatas.
A equipe do
geneticista evolucionário Frido Welker, da Universidade de Copenhagen,
dissolveu pequenas quantidades de esmalte de um molar do primata e usou
espectrometria de massa para identificar mais de 500 peptídeos
(proteínas que podem ser preservadas por milhões de anos, ou seja, muito
mais duradouras do que o DNA). Ao comparar essas proteínas com a de
macacos vivos, como orangotangos e gorilas, eles deduziram que o macaco
gigante tinha um parentesco mais próximo com os orangotangos.
O
trabalho foi publicado pela revista Nature. A nova técnica também poderá
ser usada para esclarecer a história evolutiva escondida em fósseis
antigos demais para conservar o DNA, tendo o potencial de revolucionar
nossa compreensão da história humana.
Imagens: Shutterstock.com e Wei Wang/Universidade de Copenhagen/Reprodução
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