Pássaro capturado em âmbar há 100 milhões de anos é o melhor registro já encontrado
25/12/2019
Créditos: Lida Xing, Jingmai K. O'Connor, Ryan C. McKellar, Luis M. Chiappe, Kuowei Tseng, Gang Li, Ming Bai
Os
insetos não foram as únicas criaturas que ficaram presas em âmbar
durante o cretáceo. Pedaços de pássaros e dinossauros antigos também
foram encontrados – e agora, um pássaro mais completo ainda foi
descoberto.
Um pedaço de âmbar de mais de 100 milhões de anos encontrado em
Birmânia, na Ásia, contém a cabeça, pescoço, asa, cauda e pés de um
filhote de pássaro. Tinha apenas alguns dias nascido quando caiu em uma
bacia de seiva que escorreu de uma conífera.
“É a parte mais completa e detalhada que já tivemos”, diz Ryan McKellar, do Royal Saskatchewan Museum,
Regina, do Canadá, membro da equipe foi quem descreveu o achado. “Ver
um registro destes completo é incrível. É simplesmente deslumbrante.”
Enquanto parece que a pele real e a carne do pássaro são preservadas
na âmbar, é basicamente uma impressão muito detalhada do animal, diz
McKellar. Estudos de achados semelhantes mostram que a carne se dividiu
em carbono – e não há DNA utilizável. Créditos: Xing Lida
A âmbar preserva algumas das cores da pena – mas, neste caso, não são
terrivelmente emocionantes, admite McKellar. “Eles tinham pequenas
partes empregadas em marrom.” Reconstrução do animal. Créditos: Cheung Chung Tat
O desafortunado jovem pertencia a um grupo de pássaros conhecidos
como os “pássaros opostos” que viviam ao lado dos ancestrais de pássaros
modernos e parecem ter sido mais diversificados e bem sucedidos – até
que foram extintos junto com os dinossauros há 66 milhões de anos.
Fósseis encontrados anteriormente e algumas asas preservadas em âmbar
sugere que os “pássaros opostos” nasceram com penas aptas para o voo,
prontos para se defenderem.
O novo achado acrescenta-se a essa evidência, como o filhote
fossilizado tinha um conjunto completo de penas de voo e estava
crescendo penas na cauda – mas, estranhamente, na maioria das vezes
faltava penas pelo corpo, ao invés de estar recoberto por baixo, assim
como nas crias de pássaros modernos.
Eles provavelmente nasceram e subiram nas árvores, diz McKellar, tornando-os particularmente propensos a ficar presos na seiva.
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Registro da parte superior da asa. Créditos: Ming BAI
Aparentemente e provavelmente, os “pássaros opostos” assemelhavam-se
aos pássaros modernos. Porém, eles tinham articulações do tipo
“soquete-e-bola” em seus ombros, enquanto as aves modernas têm uma junta
do tipo “bola-e-soquete” – daí o nome “pássaros opostos”. Eles também
tinham garras, mandíbulas e dentes em vez de bicos – mas no momento em
que este filhote viveu, os ancestrais dos pássaros modernos ainda não
haviam evoluído bicos. Garra muito bem preservada. Créditos: Xing Lida
A âmbar contendo o pássaro foi coletada por um museu na China há
vários anos. Quando percebeu o que tinha em mãos, o museu contatou Lida
Xing da China University of Geosciences, em Pequim, que liderou a equipe que descreveu o achado. Local onde foi encontrado. Créditos: Ming BAI
O porquê os “pássaros opostos” morreram enquanto os antepassados das
aves modernas sobreviveram ainda não está claro, mas a falta de cuidados
parentais pode ter sido um dos fatores.
A maioria das aves modernas dependem de cuidados parentais – o peru
da Austrália (que não tem relação com os perus americanos) é uma das
poucas exceções.
Referências
Lida Xing, Jingmai K. O’Connor, Ryan C.McKellar, Luis
M.Chiappe, Kuowei Tseng, Gang Li, MingBai. “A mid-Cretaceous
enantiornithine (Aves) hatchling preserved in Burmese amber with unusual
plumage,” Gondwana Research, 2017. DOI: 10.1016/j.gr.2017.06.001 Fonte: New Scientist
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